• Análise “Rammstein: Paris”: Os fãs sonham, a obra nasce, 5 anos depois
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Análise “Rammstein: Paris”: Os fãs sonham, a obra nasce, 5 anos depois

Estivemos em Berlim onde assistimos em primeira mão ao filme-concerto "Rammstein: Paris", que tem estreia mundial marcada para 23 de março.

Foi em meados de Fevereiro, no Avant Première Music + Media Market Berlin em Berlim, no coração da Potsdamer Platz, que tivemos a oportunidade de assistir à exibição do filme-concerto “Rammstein: Paris”, perante uma plateia muito limitada e constituída essencialmente por profissionais. Por se tratar de um filme ainda não editado, não nos foi possível captar imagem ou som.

Logo na introdução que antecede a primeira música “Sonne”, percebe-se de imediato que este registo será muito diferente do seu antecessor “Rammstein In Amerika” (2015). E com o desenrolar dos primeiros temas, torna-se evidente o acentuado toque artístico de Jonas Åkerlund, uma preocupação em enaltecer detalhes sonoros e visuais a um nível que nunca se viu em nenhum DVD na história dos Rammstein. A captação desses detalhes só foi possível graças às três dezenas de câmaras utilizadas, algumas delas em posições de grande proximidade, como é o caso da GoPro acoplada ao canhão de espuma em “Pussy”, que permite ver Till Lindemann em pleno “ato”. São também mostrados, em determinados temas, alguns close-ups individuais dos seis elementos, imagens que se sobrepõem à filmagem do concerto e que aparentam não terem sido gravadas naquele palco de Bercy.

Ao longo do concerto, os nomes das músicas vão surgindo no ecrã ao estilo gráfico de Tarantino. As letras formam-se consoante a temática da música em questão, por exemplo sangue em “Mein Teil”, sémen em “Bück dich”, duas asas em “Engel”, etc. Muitos efeitos especiais e sonoros foram adicionados para destacar pormenores, como o som das chamas e da pirotecnia, os açoites de Christoph Schneider na entrada de “Bück dich” e até sangue foi digitalmente acrescentado a pingar da boca do vocalista durante toda a performance de “Mein Teil”. Alguns fãs na primeira fila também não escaparam à equipa de edição de Jonas Åkerlund e Adrianna Merlucci: a certa altura um deles teve o prazer de receber uns dentes vampirescos.

Quem se recorda das colaborações anteriores de Jonas Åkerlund com os Rammstein, encontrará semelhanças entre os telediscos “Mann gegen Mann” de 2006 e “Ich tu dir weh” de 2009. Em ambos Till exibe uma longa língua viperina. Esse mesmo efeito está de volta, surgindo desta vez, e sem qualquer razão aparente, durante “Feuer frei!”, ainda que por breves segundos.

A derradeira “Frühling in Paris” chega apenas depois de passarem os créditos finais (os quais tiveram vários planos de fãs como fundo) e é-nos apresentada totalmente a preto e branco, o que poderá explicar a opção por luzes exclusivamente brancas e sem efeitos durante o concerto. Talvez o refrão não tenha tido o impacto audível esperado, considerando a canção de Édith Piaf, mas não deixa de ser um momento especial e de consagração, uma espécie de ode de homenagem à capital francesa, com direito a uma levitação digital do vocalista enquanto faz o seu habitual rodopio.

“Rammstein: Paris” não é apenas um registo de um concerto, é uma experiência em vídeo em que cada frame foi selecionado, cortado e esculpido à exaustão, numa cadência tão acelerada que há o risco de se tornar visualmente extenuante para o espectador. Este é o oposto do cru e direto “Völkerball” (2006), aqui a obra preza-se por épicos detalhes em câmara lenta, que nem a plateia presente nos concertos em Paris em 2012 teve certamente capacidade de captar. Já alguns efeitos especiais parecem desprovidos de contexto, principalmente aqueles utilizados durante o segmento no palco B, mas esta será certamente uma forma de enriquecer visualmente aquele espaço tão limitado.

Contudo, num mundo onde a música é agora uma indústria de consumo rápido, o prazo de validade de “Rammstein: Paris” já expirou. Por mais que o realizador Jonas Åkerlund reivindique o factor intemporalidade, que em parte se mantém obviamente, a relevância primordial deste registo ao vivo foi-se dissipando enquanto a banda o manteve na gaveta durante meia década.

Alinhamento:

  1. Sonne
  2. Wollt ihr das Bett in Flammen sehen
  3. Keine Lust
  4. Asche zu Asche
  5. Feuer frei!
  6. Mutter
  7. Mein Teil
  8. Du riechst so gut
  9. Du hast
  10. Palco B Bück dich
  11. Palco B Mann gegen Mann
  12. Palco B Ohne dich
  13. Mein Herz brennt
  14. Engel
  15. Pussy
  16. Frühling in Paris

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